Sei que aqui é um espaço destinado a publicações de livros. Entretanto, esse foi de longe o melhor texto que já escrevi e quero fazer um paralelo da minha evolução na escrita para saber se vale a pena voltar a me dedicar. Este é o material original da resenha publicada na seção livre da revista Lingu@ Nostr@. Link: https://linguanostra.ipuc.edu.br/index.php/Linguanostra/issue/view/19
Segue abaixo a sinopse do livro:
"Uma sociedade inteiramente organizada segundo princípios científicos, na qual a mera menção das antiquadas palavras "pai" e "mãe" produzem repugnância. Um mundo de pessoas programadas em laboratório, e adestradas para cumprir seu papel numa sociedade de castas biologicamente definidas já no nascimento. Um mundo no qual a literatura, a música e o cinema só têm a função de solidificar o espírito de conformismo. Um universo que louva o avanço da técnica, a linha de montagem, a produção em série, a uniformidade, e que idolatra Henry Ford. Essa é a visão desenvolvida no clarividente romance distópico de Aldous Huxley, que ao lado de 1984, de George Orwell, constituem os exemplos mais marcantes, na esfera literária, da tematização de estados autoritários. Se o livro de Orwell criticava acidamente os governos totalitários de esquerda e de direita, o terror do stalinismo e a barbárie do nazifascismo, em Huxley o objeto é a sociedade capitalista, industrial e tecnológica, em que a racionalidade se tornou a nova religião, em que a ciência é o novo ídolo, um mundo no qual a experiência do sujeito não parece mais fazer nenhum sentido, e no qual a obra de Shakespeare adquire tons revolucionários. Entretanto, o moderno clássico de Huxley não é um mero exercício de futurismo ou de ficção científica. Trata-se, o que é mais grave, de um olhar agudo acerca das potencialidades autoritárias do próprio mundo em que vivemos."
"A sociedade não está pronta para aceitar toda forma de liberdade"
Em um mundo dividido em duas classes, as mulheres são seres superiores e os homens inferiores. Cada um habita uma sociedade, que funciona de maneiras distintas, eles trabalhando e sobrevivendo como podem e elas usufruindo de toda a produção e lucro gerado por eles. Afinal, o sexo feminino tem capacidades mentais mais elevadas e a lei da evolução as tornou mais adaptadas para as necessidades do mundo. É isso que as torna superiores e permite que usufruam de toda a liberdade, fazendo o que desejam, sem compromissos e buscando a felicidade acima de tudo, sem rótulos e sem preconceitos.
Mas até onde essa liberdade é real?
Luzia se sente entediada com tanto tempo livre. Já fez tudo que podia e precisa de mais emoções e mais experiências. É querendo saciar esse desejo que se arrisca a desvendar a sociedade dos seres inferiores conhecidos como homens, e descobre que eles não são seres tão horripilantes e diferentes como ouviu dizer e que ela mesmo não é tão livre quanto pensava.
Descobrindo mais sobre si mesma, se identificando como assexual e conhecendo os outros gêneros e a pluralidade de pessoas que existem, ela decide lutar por um mundo igualitário e livre de verdade. Onde cada um pode ser quem quiser e ser feliz como quiser.