Há duas crianças sentadas sobre o gramado em uma tarde de sol. São idênticos, a não ser os olhos. Ambos têm três anos e meio. Ambos possuem cabelos loiros e pele clara. Estão usando as mesmas roupas, um macacão jeans e camisa amarela. O de olhos azuis esta sorrindo mais do que o necessário enquanto o de olhos castanhos esta um pouco mais enfurecido. Um de frente para o outro. O sol aquece as costas do que esta sorridente e ilumina a face do outro. Estão disputando um brinquedo. Um ursinho de pelúcia de trinta centímetros que vai e volta sendo puxado para um lado e para o outro. Mais um pouco e o tecido ira rasgar. Ao redor as pedrinhas estão flutuando, assim como os gravetos, as folhas secas e qualquer outro objeto que não esteja preso ao chão. As crianças não fazem ideia da energia que estão liberando. Os objetos parecem estar afundando em um liquido transparente enquanto giram no ar indo para qualquer direção. O de olhos azuis agora não esta mais sorrindo. Seu olhar é de fúria assim como o outro. O fogo é inevitável. Os objetos começam a carbonizar em pleno ar. Um circulo de chamas vermelhas e azuis contornam as duas crianças a uma distancia próxima de ambos, porem segura. O calor era mais intenso do que se pode esperar, mas não parecia afetar os dois pequenos. Os gravetos estão crepitando, e girando, e queimando, e se tornando brasa. As cinzas ao invés de cair ascendem ao céu acompanhando o ritmo da fumaça. As pedras minúsculas estão avermelhadas, logo irão derreter. Os meninos não estão vendo. Não estão percebendo ao redor o quão extraordinária pode ser a sua raiva. A grama antes verde esta negra. E o fenômeno esta se estendendo. Troncos mais pesados estão tremendo distante dali, prestes a saírem do chão. Tudo ira queimar. Tudo se tornará cinza. Eu acordei.