Diálogos internos.
Ao meu antigo eu, saudades.
Percebi não o ver mais no espelho antigo do meu banheiro.
Lembro-me de sempre encontrá-lo por lá.
Confabulávamos sobre o quanto tudo se tornara difícil naqueles tempos.
Ao meu antigo eu, tristeza.
Tu entendes que foste demasiado cético e insensível
Perdeste a ilusão do céu azul
Não vias alegria ao acordar e respirar as manhãs preguiçosas.
Ao meu antigo eu, vergonha.
Ingênuo de propósito, como quem, assim, almeja se eximir da culpa.
Carrego os pesos nos ombros hoje, por erros de outrora
Como um condenado que sabe que arrepender-se não alivia cargas.
Ao meu antigo eu, lembra-te de mim?
Olhas no espelho e me procuras.
Sabes da saudade, tristeza e vergonha que trago no rosto?
Escondeste por isso?
Ao meu antigo eu, quero encontrar-te.
Num espelho ou nas linhas do meu velho caderno
Onde escreveste um bilhete pra mim.
O recado dizia: O passado é um espelho, e o futuro reflete.