Eu a olhava como se de alguma forma conseguisse absorvê-la e, enquanto a observava, lembrava de todo o passado que ambas trazíamos nos ombros. A encarava numa tentativa débil de decifrá-la, e me questionava como alguém tão pequena, de certa forma, conseguia saber tanto e ter a consciência de que sabia exatamente cada vírgula que se passava em minha mente. A única coisa que eu tinha certeza, desde o momento em que nossos olhos haviam se reencontrado, era que ela havia se tornado algum tipo de vício, daqueles que não existe reabilitação. O amor pode ser considerado a droga mais barata de se usar, e também a que causa mais danos consequentes. É uma das únicas que pode chegar a corromper a alma. E você continua a caminhar, mesmo sabendo que o caminho é bifurcado, e um dos lados pode levar à guilhotina. Eu não acreditava em superstições, isso era fato. Mas fechei os olhos com força na hora que soprei aquelas pétalas. Quase como se isso fosse fazer com que o pedido fosse realizado mais rápido. Eu sabia o quanto a curiosidade a corroía para saber o que eu havia pedido, e sabia que não ia desistir tão fácil. Mas agora, mais do que nunca, eu precisava que ele se realizasse. Por isso, pedi baixinho, mais uma vez, às pétalas que nessas horas dançavam pelos céus: que, dessa vez, o destino esteja ao nosso favor.
Juliana vive mergulhada em uma solidão que já parece parte de sua própria identidade. Desde a perda devastadora de seu grande amor, ela se isolou, convencida de que a dor é mais segura do que arriscar sentir novamente. As tentativas de suas melhores amigas, Sofia e Gabi, de trazê-la de volta à vida parecem sempre tropeçar nos muros que Juliana ergueu em torno de si.
Mas a vida, imprevisível e insistente, começa a encontrar brechas nesses muros. Entre as conversas sinceras e os desafios delicados propostos por Sofia e uma paixão inespereda, Juliana é forçada a encarar uma pergunta inevitável: vale a pena continuar se protegendo, ou é hora de abrir espaço para algo novo?
Blue é uma história sobre os extremos da dor, as cicatrizes do luto e a força transformadora das conexões humanas. Mais do que superar, é sobre encontrar coragem para permitir que o amor, em todas as suas formas, possa florescer novamente.