O grupo de garotas ria alto no meio da floresta. Apesar dos avisos e dos riscos frequentemente confirmados, as cinco insistiam em manter a tradição criada por suas mães, e se encontravam todas as tardes de outubro após a aula para conversar. Equipadas com lanches, velas, e lençóis para se sentarem sobre as folhas caídas sem se sujarem ou molharem muito, as amigas seguiam até o ponto de encontro, um círculo de árvores no coração da floresta da cidade.
Os mitos de que aquele lugar seria encantado eram passados de geração para geração, acompanhados de boatos de que as famílias fundadoras daquele lugar seriam bruxas. Não era difícil de acreditar, coisas "incomuns" eram comuns ali. Quando o relógio marcava meia noite, e o "mês sombrio" começava, adultos passavam a se assegurar de que seus filhos estavam seguros em suas camas, idosos repetiam suas orações com mais fervor, e as crianças... bom, as crianças apenas aproveitavam sua doce inocência, sem saber o que aquela cidade guardava todo outubro.
Naquela noite, os ventos do sul começaram a mudar. Qualquer herdeiro do sangue mágico podia sentir a diferença que o primeiro dia do "mês sombrio" trazia, mesmo no primeiro minuto. O décimo-segundo badalar do relógio da cidade causava esse efeito. Todos passavam a se remexer inquietos em suas camas, excitados pela magia nova no ar. Para os mais novos, aquele momento trazia bons sonhos, já para os mais crescidos, trazia mais do que isso. Naquele outono, cinco meninas se tornariam moças. Cinco garotas se tornariam o que nasceram para ser: bruxas.