«Não é só na vitória do passado que existem lições. Se há coisa que aprendi, é que, por vezes, são os falhanços dos outros que nos ensinam a mais profunda história de humanismo. É preciso procurá-lo, escutar com atenção, ler nas entrelinhas; porque, para além de uma evidente tristeza no rosto de quem perdeu, existe essa mesma lição que serve de advertência ao futuro. E essa, é responsabilidade de quem vem depois.»
Um dia, uma mulher sem memória de quem era bateu à porta de Carlos. Na mão, trazia uma fotografia tirada vinte e três anos antes num comboio para Pádua. Atrás de uma das portas do corredor, Paolo vivia atormentado pela luz, e por entre os dois silenciosos habitantes, passeava-se o fantasma de Elisa. No piso de cima, uma mulher muito portuguesa lutava por respeitar as raízes da filha adolescente, e na casa do lado, o velho Jacques encantava o bairro de Arroios com as suas histórias.
A mais impressionante de todas desenrolou-se mesmo por de baixo dos meus pés, e no entanto, levaria cinco anos até que todas elas - passado e presente - colidissem num escritório, sob a forma de bilhetes esquecidos e fotografias com mensagens secretas.