Rotina poderia ser meu nome do meio. Nunca neguei a ninguém que eu sempre fui um homem de hábitos. Metódico, até. Meus dias eram sempre uma sucessão de acontecimentos pré-programados, sempre que possível. Sendo bem sincero, até as coisas que 'fugiam' do meu cotidiano eram programadas. Uma ligação inesperada para uma reunião de projeto, uma visita rápida à casa da minha mãe, porque ou ela ou a minha Nonna tinham um ataque de "mas você nunca mais veio aqui" pelo menos uma vez por semana. Algumas brigas com minha noiva, que ocorriam religiosamente pelo menos 2 vezes na semana, geralmente por algum motivo idiota, que, obviamente, terminava com nós dois na cama, entre os lençóis outrora perfeitamente arrumados, como tudo em minha vida. Mas as coisas mudam. E pra mim, as coisas mudaram quando ela apareceu. O caos em meio a tranquilidade da minha vida. A cor para tudo aquilo que antes era preto e branco e nunca pareceu me importar. Ela, que chegou sem nem sequer bater na porta, arrombando e entrando, conquistando espaço sem nem sequer um questionamento da minha parte. Ela, que colocava displicentemente os pés no painel do carro enquanto eu dirigia, me olhando e erguendo a sobrancelha num desafio mudo, sabendo que ganharia qualquer disputa de qualquer jeito, porque eu não me atreveria a questionar nada do que ela fazia. Ela era uma lufada de ar fresco e tê-la por perto era fácil, leve. Desejável, até. Ela era linda, por dentro e por fora, e seu sorriso era de tirar o fôlego... Mas ela era proibida. Bom, ao menos para mim. Na verdade, analisando direito, eu devia ser proibido. Ela? Definitivamente, um espírito livre...All Rights Reserved