Não, não havia esperança.
As circunstâncias da vida, a palidez dos momentos e a bruma do coração talvez fossem os culpados.
"O que pensar sobre a existência se não no fim dela?" - usava um eufemismo pra não se acostumar com o absurdo da ideia que há tempos ganhava palco em sua mente.
Enquanto lentamente se permitia definhar, Luana, a garota espremida entre a multidão, agarrada a um moletom vermelho e fones de ouvido por dentro capuz, não exigia nada além de uma cama quente, silêncio, um livro e brigadeiro de colher.
Já não vivia. Existia. Dando continuidade à rotina fatigante unicamente pelo senso de obrigação e medo da morte.
Habitava numa tempestade silenciosa. Um temporal eterno. Gelado e escuro.
E foi lá, entre os trovões ensurdece(dores) e gritos mudos, que a figura do para-raios, de um jeitinho imprevisível, apareceu. Um para-raios de sorriso determinado e assumidamente incapaz de esquecer os relâmpagos que vira nos olhos dela.
Luana ainda não sabia, mas o futuro do reino do terror estava seriamente ameaçado.
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PLÁGIO É CRIME!