"Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia"
Eça de Queiroz
Fernando acabara de acordar. Olhou o relógio - um despertador que fazia companhia a um pequeno aparalho de rádio, colocados na mesa-de-cabeceira. Espreguiçou-se e foi abrir a persiana, fechando rapidamente os olhos pelo choque da intensa luz solar que se projetou sobre o seu rosto, naquela magnifica manhã de Maio, de um Domingo radioso.
Não tinha qualquer projeto para preencher aquele dis, situação essa que o fazia estar indolente e sem ideias. Talvez decidisse desafiar o seu amigo António Carlos passando pela sua casa, sugerindo-lhe irem ao cinema,à sessão da tarde e, depois, acabarem numa tasquinha na rua dos Correeiros para aí, como faziam muitas vezes, beberem um copo a acompanhar um petisco de passarinhos fritos com pão besuntado daquele molho curtido em muita frituras mas que lhe conferia um sabor único. Com esta ideia dirigiu-se para a casa de banho e, defronte do espelho, ensaiou várias poses de exibição muscular dos bíceps e dos peitorais . Depois satisfeito co o que viu, começou a barbear-se. Enquanto assim fazia iam-lhe ocorrendo diversos pensamentos, tal como um filme, passando imagens aleatórias e sem sentido. Fixou-se, no entanto num que lhe deu satisfação - afinal poderia considerar-se um tipo com sorte! (continua)