Apenas sete anos quando ela partiu. Era mais nova que eu, tinha seus cinco nas costas. Crescemos juntas, afinal logo que me mudei para a cidade, ela nasceu. Não me recordo de minha infância sem ela, e como poderia? Praticamente respiravamos o mesmo ar, eu a vi crescer assim como ela também me acompanhou, por cinco anos, belíssimos cinco anos que as atrocidades do tempo ousam querer levar de mim a todo custo. Poucas são as coisas que ainda me recordo, mas elas incluem sua fisionomia e o belo sorriso que vivia estampado em seus lábios, assim como o doce som de sua risada e a pressão angustiante que eu sentia no peito caso ela chorasse. Lembro de alguns momentos que tivemos, mas não sei se são realmente memórias minhas ou que meu cérebro inventou enquanto meus pais me contavam mais tarde, durante o longo ano que eu passava as noites chorando depois de ela sumir de repente com a família, ou durante todos os outros em que às vezes seu nome era tocado em nostalgia.
Camila soa adorável. Gosto como soa quando pronuncio, e combina com a vaga imagem mental que tenho da garotinha que fora minha amiga enquanto eu aprendia a ser um ser humano. Mas ela tinha um outro nome. Karla, poderoso e avassalador. Fico imaginando qual das duas personalidades ela assumiu ao crescer... Mas para todos os efeitos, o nome de minha criação é KC5. Ninguém pode questionar a escolha do nome, afinal, sou eu quem mando nesse laboratório, nos experimentos e em tudo que tem a ver com a cria. Sou eu a que comanda aqui com essa cópia do que -mesmo não admitindo- é a imagem do que pensei que ELA se tornou.
Sou eu, Lauren Jauregui.
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Lauren Michelle Jauregui é uma jovem cientista convocada para participar de um projeto secreto de clonagem e desenvolvimento humano, com uma carreira em ascensão e nome no ramo, uma vaga dentre os melhores é tudo o que podia querer. Ou quase tudo, já que há 21 anos não tem nenhuma notícia do paradeiro de sua amiga de infância.