Quem nunca sentiu um... Vazio? Três definições dadas pelo dicionário para esse termo são: Aquilo que tem falta de algo; desabitado; destituído.
Vivemos nesse mundo tomado por tecnologia e informação. Com um clique, temos acesso a conhecimento que, há séculos atrás, ninguém sonhou em contemplar. A agitação desse mundo informado nos toma, mas parece que nem com o mundo debaixo dos nossos pés, na ponta dos nossos dedos, ficamos satisfeitos. Sempre há aquele local pelo qual nada parece preencher; aquele lugar que nenhum prazer parece fartar.
Lento, lancinante, aterrorizador, ele nos toca e...
É como tentar saciar um estômago vazio com migalhas: aprecia-se o leve sabor do alimento, mas logo quando ele acaba a fome irrompe mais feroz do que nunca.
Haveria saída, solução, refúgio? Se sim, onde estará?
A busca por preencher o vazio nos assalta, e a falta de uma razão pelo viver amarra os nossos pulsos, não? Enquanto as palavras fluem e os pensamentos se derramam, mais elos são juntados aos grilhões que nos prendem, e mais confusa torna-se a nossa mente - você sente?
O terror pelo silêncio da cognição sempre inunda quando o desejo insaciável toma o ser que não se pode fartar com migalhas. O silêncio não é só de notas. Ele pode ser também de informação, de emoção, de estímulos. Escravo do pensamento, da dor, das flores do jardim do encantamento; escravo das trevas, da ambulante ambição por prazer.
Nossa vida é uma busca pelo propósito incutido no tempo. Na verdade, nossa vida é uma busca do que está além do tempo. O propósito da vida não pode estar no tempo. Caso estivesse, haveria um tempo em que esse propósito não era, mas ele sempre foi.
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Registrado na Biblioteca Nacional.