Será possível alguém, com tão pouca idade, viver tão intensamente tudo que vivi? Ou são os acasos do destino trabalhando, para compor barreiras intransponíveis presentes em certos momentos da minha vida?. Estamos em meados de março de 2018, e lá estava eu, no lugar de sempre, minha velha cadeira em frente a janela do meu quarto, de onde eu tinha uma ampla e agradável visão da paisagem lá fora, a temperatura caindo aos poucos, as folhas ao vento, o verde das árvores dando espaço para semitons ocres e carmim. Minha estação do ano favorita, deixava seus primeiros resquícios, eu amava toda aquela tonalidade que o outono trazia às paisagens, parecia até que, Deus com um clique de um botão mudava as cores vivas para as mais opacas, e eu perdia a noção do tempo sentada ali admirando tudo. Até os meus 15 anos, poderia dizer a vocês que tudo correu bem, não sendo hipócrita e um tanto exagerada, tive uma vida quase perfeita, por pouco não atingiu a perfeição. Eu era uma típica garota campestre, nasci e cresci no interior de Gramado-RS, em um ambiente agradável e quase bucólico eu diria. Aos 16 uma grande bola de neve, que parecia ter sido construída por toda a minha vida, resolveu despencar sobre mim, eu mal sabia tudo que me esperava. Talvez, você me leve a mal, mas com licença da palavra, certas situações na vida são uma merda, assim era a minha visão, quando tudo começou. Mas, o tempo, serve nao só para passar, óbvio, e consigo levar as bagagens emocionais acumuladas em mim, o mesmo serviu para que eu pudesse amadurecer, crescer e me desfazer da velha eu, entender a mim mesma, e acreditar que, momentos sombrios impregnados em mim, não poderiam jamais interferir na pessoa que eu sonhava em ser, não só para mim, mas para os que me cercam. Meu nome é Lúcia, tenho 16 anos, e vou te contar a minha história, de como eu mesma, decidi construi-la, após me "afogar" em lágrimas depositando essas palavras em um velho diárioAll Rights Reserved