Em "Esse nosso jeito bélico de viver", Karine Aragão apresenta algumas reflexões sobre o que ela chama de "maneira bélica de estar em sociedade". Envolta por renomados teóricos que fundamentam suas análises - como Martha Nussbaum, Gilles Lipovetsky, Antonio Candido, entre outros - Karine nos apresenta a dinâmica social contemporânea sob o signo da guerra, do clamor pela padronização como ilusão de paz e de felicidade. No decorrer do livro, deparamo-nos com nossas próprias sensações de medo, de insegurança, de vulnerabilidade que nos levam à falsa ideia de que precisamos estar sempre em combate. Como possibilidade para o despertar dessa contemporaneidade bélica, a atividade de leitura de ficção, a literatura irrompem como premissas na formação de sujeitos empáticos, emancipados, capazes de participar ativamente dos mecanismos sociais e de serem exceções onde a regra é o ataque diário, desmedido e automático. Para tal, é necessário revisitar conceitos como "vazio do leitor" e "práticas leitoras". A leitura de ficção - muito além da simples decifração de códigos linguísticos - é urgente para os dias atuais, pois a ruptura com o imediatismo, com o fluxo contínuo são imprescindíveis ao desnudamento das entrelinhas das relações de poder.