𝗦𝗘𝗡𝗦𝗔𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦 𝗗𝗢 𝗔𝗠𝗢𝗥 | naelle wizer
No fundo, nós nos enganamos acreditando que o nosso amor podia estar tão próximo, tão certo, tão inevitável... que acabamos cegos. Mas a verdade é que já estávamos cegos há muito tempo, e só descobrimos isso da pior forma possível - com o coração partido, com o caos que antes parecia pequeno, discreto, mas que agora se mostrava avassalador, ocupando cada canto, cada espaço onde um dia existiu alguma esperança.
Na decepção, no instante em que a verdade se impôs diante de mim como uma parede intransponível, eu descobri que ele não era apenas aquela alma boa que eu queria acreditar. Não. Ele era também o caos. O caos e a verdade, inseparáveis, como duas faces da mesma moeda. E, para a minha dor, para a minha profunda e amarga conclusão, compreendi que se entregar completamente a alguém - tão boba, tão inocente - é, sim, como estar de olhos vendados, caminhando por um túnel escuro e profundo, onde cada passo nos afasta da luz, mas nos faz acreditar que estamos indo ao encontro dela.
Descobri, da forma mais dolorosa, que éramos tão cegas quanto a venda que se amarrou em nossos olhos. A venda que não quisemos arrancar, que não quisemos questionar, porque o amor, naquela forma pura e repentina, parecia nos bastar.
Mas não bastou.
