Já vai dar meia noite aqui em Torres Vedras, uma cidade portuguesa no distrito de Lisboa, vim visitar a minha filha que mora aqui há dois anos, a noite de inverno congela os ossos de quem não está acostumado com a temperatura de 0 grau, o céu é um breu, ao alcance da visão algumas lâmpadas de mercúrio dos postes da rua, o barulho prazeroso das águas de um córrego preguiçoso e a uns 500 metros da pra enxergar o cemitério da cidade com sua arquitetura romana, com ciprestes distribuído por todo o campo santo. Entre as árvores pisca uma luz amarela e tênue, uma única luz que se ver naquele lugar, deve ser a luz da casa do vigia, penso, mas que vigia moraria naquele lugar? A luz me chama atenção e me deixa meio que hipnotizado e assustado, a movimentação das árvores faz com que a luz desapareça e retorne, confesso que senti um calafrio, mas a minha mente me conforta e lembra-me que a temperatura naquela hora já está a menos 2 graus, portanto o calafrio justifica-se. Algo me atrai naquele cemitério, não sei se é pela paz que estou sentindo, creio que causado pelo silêncio, pelo murmuro do córrego, pela escuridão e aquela luz lá longe que me parece chamar para o tempo que já se foi mas que continua presente na lembrança dos meus queridos e amados entes que se foram e os que continuam fazendo parte da minha convivência.