Em terras onde a hipocrisia reina, a magia era usada, porém marginalizada. Prédios usavam iluminação pelas pedras de magia concentrada, naves planavam e uma gigante nuvem fazia a maior sombra que uma poderia fazer no céu; essa era a Nuvem de Aço. Nesse mundo, aonde a capital do reino flutua sobre a cabeça dos plebeus, mesmo que a magia fosse usada em todo o cotidiano, os magos eram hostilizados.
Caçados, mortos e decapitados eram os sortudos, pois os demais foram escravizados e usados como fonte de energia. Porém, após a Perseguição, foram feitos de escravos-livres. Oficialmente livres, em prática acorrentados. Trabalham ainda mais, pois bem sabem que se se rebelarem terão as cabeças na ponta de uma lança qualquer, enferrujada.
Guerras se desencadearam, e novamente a hipocrisia reinou: magos foram usados como grandes armas. Desonrosos, porém vitoriosos.
Entre todo esse caos, Sucantra, Grã-Comandante do rei, ascendeu. Ganhou seu espaço. "Porém não mereço", ela pensava.
Entre todas essas traições, insatisfações e pobreza, Sucantra bem vivia, fiel ao rei e rica. "Porém não mereço".
Entre todos os corpos de seus irmãos que morreram simplesmente por existirem, Sucantra lhes traiu, se curvando aos seus caçadores. E mesmo assim, amada pelo seu sangue. "Porém, não mereço".
E, enquanto seu sangue amava-a, aqueles que Sucantra servia a odiavam. "E isso eu mereço", a voz da culpa sussurrava em sua mente.