Ela Ela o chamou de "Fodedor de Secretárias". Nós ainda não nos conhecemos, mas por causa da conversa que escutei em um ônibus da linha verde eu sei tudo a respeito dele e de sua mania de brincar com os sentimentos das garotas a quem contrata. Ele tinha acabado de despedir a última. E eu? Eu precisava muito, muito de um emprego. Não me orgulho do que fiz, mas acreditei que aquele encontro inesperado havia sido um presente do destino e consegui uma entrevista para ocupar o cargo. Naquele dia entrei na joalheria da família dele com apenas uma coisa em mente. Não cair no seu jogo. Ele Ela me escutou falando ao telefone e presumiu que eu era um estrangeiro italiano. Ela ficou presa dentro de um elevador escuro comigo. Ela me pediu um beijo acreditando que eu não entendia o que dizia. E eu a beijei. Foi o melhor beijo da minha vida. Eu ainda não sabia para qual vaga a cabrita seria entrevistada, mas quando descobri e a escutei afirmar com tanto afinco que não cairia no "meu jogo" sem saber que já era tarde demais para isso eu aceitei o desafio. Eu a quis. Eu a quis desesperadamente. Mas por pouco tempo. No instante em que as luzes acenderam e eu finalmente pude ver seu rosto a única coisa que quis verdadeiramente foi nunca tê-la beijado. Era o rosto da tragédia. Da minha tragédia. Saí daquele elevador determinado a não contratar Isabela Sato. Eu só não contava com um pequeno detalhe... chegar a minha sala e descobrir que eu não tinha voz naquela entrevista. Bem-vindos à sede da Joalheria Benite's, meu nome é Romeo Benite, e essa é a história triste que certa ragazza encontrou atrás da porta que arrombou para fugir da própria vida. É a minha história. É a nossa história. Ela é triste.