A dor física não passava de um mero detalhe quando minha alma transbordava lágrimas e meu interior nunca antes tinha estado tão vazio e sem cor. Cheguei a pensar, um dia, que o amor que nutria por ele era uma espécie de alicerce que me impediria de ir abaixo em dias menos bons, mas ele me empurrava cada vez mais para o fundo do abismo, e a luz da superfície passava a ser apenas uma realidade distante que um dia meus olhos puderam vislumbrar. Eu queria gritar, mas a voz subia e morria-me na garganta. Queria lutar, mas aquele chão frio parecia sugar, sem piedade, todas as minhas forças. Meus filhos eram os únicos donos do meu pensamento e do meu temor no deradeiro momento da minha ruína. ... 🏆 - Conto vencedor do II Concurso Nacional de Contos Igualdade de Género, promovido pelo Instituto Cabo-verdiano para Igualdade e Equidade do Género.