Pobreza, tiroteios, sem educação, perversão humana, eram essas situações que faziam parte da rotina de Marleni quando jovem. Abandonada com sua mãe pelo pai, rejeitada pela sociedade por ter uma atitude "estranha", anormal, assustadora, uma situação de vida lastimável , nojenta e repulsiva. Pobreza ao extremo e morte pelos cantos escuros, essa era a definição de sua casa. Quietas e silenciosas na escuridão, esperando que algo acontecesse para atacarem, como animais selvagens atrás de uma presa.
Só que de tempos em tempos, sua mãe desabafava com a jovem sobre seu pai, e como cruel e monstruoso ele era com ela, a raiva afogavam as palavras e o medo encobria a verdade. Crescendo assim uma admiração doentia e avassaladora, fazendo-a mais e mais curiosa e sedenta para descobrir mais quem era ele, o tal monstro que era o motivo dos pesadelos noturnos de minha mãe.
Algum tempo depois, no meio de doenças, um homem bem vestido, com uma presença intimidadora sem igual descia de um carro luxuoso. Sua mãe caiu de joelhos chorando e tremendo. Foi nesse dia que descobri.....ele é meu pai.