Um homem de meia-idade, corcunda, e com problemas comportamentais, acorda numa estrada escura, o sangue escorrendo pela cabeça e seu carro em chamas, chocado contra uma árvore. Cacos de vidro por toda parte, fumaça tóxica expandindo-se vários metros acima e poluindo os céus, respiradas ofegantes e tomadas de desespero, a mente em total adrenalina, Alto sente que este é o fim.
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Após rastejar de volta à pista, em busca de ajuda, o homem desmaia novamente ao perceber com sua visão turva e distorcida, um carro aproximando-se.
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Ele acorda num hospital, com uma brisa fria contornando seu corpo. Ao notar sua consciência, a mulher sentada na poltrona do lado da cama salta e chama uma enfermeira.
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-- Sr. Alto, ainda não tente falar, seu corpo continua em recuperação, dê um tempo à ele. -- advertiu a enfermeira.
-- Acha que ele se recuperará logo? -- questionou a mulher que estava sentada na poltrona.
-- Não há uma previsão estabelecida. O acidente causou a fratura de ossos, queimaduras intensas na pele e alguns danos cerebrais. Para uma pessoa da idade dele, acho difícil ter uma recuperação rápida.
-- Entendo -- fez uma breve pausa. --, soube que ninguém mais veio visitá-lo.
-- Sim, ninguém ligou para obter alguma informação sequer. Nenhum parente, nenhum amigo, ninguém.
-- Que triste.
-- Pois é. Fomos em busca da família dele, mas não encontramos ninguém, é como se o coitado estivesse sozinho no mundo.
-- Entendo. Me liguem caso surja alguma novidade, certo? Tenho que trabalhar. -- pediu a mulher, pegando sua bolsa na poltrona e indo em direção à porta.
-- Sim, senhora, avisaremos -- respirando fundo, a enfermeira, aliviada, completa: --, muito obrigada por ter aceitado este caso, Detetive Beckley.
Com um aceno de cabeça, Beckley fecha a porta do quarto e vai embora.