Conto - Boa Noite, Boto
Os convidados chegavam ao pomar da Cuca, em meio à floresta.
Mula Sem Cabeça acendia a fogueira, enquanto Boitatá queria apagá-la. O Curupira e o Saci devoravam as frutas nos pés, ao invés de desfrutarem das iguarias preparadas pela anfitriã.
Tudo irritava Pomona, a Cuca assanhada. Controlou-se. Não podia expulsar todos da festa. Não ainda. O convidado especial não chegara.
A Iara embalava a festança ao som de suas canções quando o Boto apareceu, em forma humana. Mal cumprimentou a Cuca, foi se engraçar com a cantora.
Enfurecida, Pomona fez um trato com o Saci: o Boto deveria provar de um suco que preparara. Em troca, deu-lhe tabaco. O Saci nunca recusava fumo.
Entorpecido, o Boto foi deitado no leito de Pomona que, à essa altura, afugentara os demais convidados.
- Minha doce Iara! - embasbacou-se o Boto ao encará-la, alucinando.
- Oh, Boto! - sorria, maliciosamente. - Em nossa festa particular, serei sua Iara!