Uma das coisas que não sabem sobre Clarice Vargas é que a garota tem uma habilidade especial em ler expressões faciais e corporais; por conta disso, uma vez por mês, Clarice se aventura nos cassinos uruguaios, com um único objetivo em mente: tirar dinheiro dos outros jogadores. Com isso, ela prentede sustentar seus pais e se manter, enquanto estuda na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Clarice já está no terceiro ano de faculdade e, de todas idas até o país vizinho, nunca nada deu errado; até aquele maldito dia. O dia em que aquele jogador sentou na mesa de pôquer e fez a garota perder um pouco do seu dinheiro não-intencionalmente. Tudo porque ela não conseguia, de jeito algum, lê-lo. Suas expressões não condiziam com os gestos universais. Clarice se sentiu perdida ao saber que havia uma pessoa no mundo que ela não conseguia decifrar. Seu medo, agora, era apenas um: encontrá-lo, de novo, em uma mesa de pôquer.