Aqui jazem todas as coisas que não disse. Levaria-las ao túmulo se me fosse possível, mas o peito de um poeta não morre com seus versos. Porém, como são coisas não ditas, acredito que já não vivem há muito tempo e não haveria outra forma de despedida sem ser em uma obra fúnebre de verbetes.
Meu amigo leitor, deixes que te entre no peito essas palavras tão tolas, mas que as escrevi com sangue. A cada corte, uma rima e já que rimar é minha condenação, jorrei aos litros e me fiz no papel. Se vais me ler, que seja com ternura e me recite a algum amor para que eu tenha valido de algo neste mundo.
Só te lembras de que são palavras mortas, assim como o papel em que as escrevi. Apenas os restos de algo que foi vivo e respirava vida em qualquer resquício de Sol. Não falo apenas do verde de uma árvore que agora me serve para rascunho, falo também das palavras que pulsavam. Palavras que gritavam no peito e hoje eu as enterro nos versos que não te fiz.