"Talvez"

Sou Heitor Frishiman, ou como todos me chamam "051", nasci no fim da 2° guerra mundial em um alojamento, parto feito às pressas por mãos de soldados sujas de sangue inocente. Minha mãe se chamava Esmeralda, não cheguei a conhecê-la pois morreu logo após ter me dado a luz, gosto de imaginar que ela sorriu ao me ver chegar ao mundo, um sorriso de despedida. Deve estar se perguntando o que uma mulher grávida fazia em um quartel em plena guerra?! Bom, quando se é casada com nada mais nada menos que Afonso Frishiman o general de todo batalhão e comandante da 6° brigada e eu chamava carinhosamente de "Papai", o general queria que seu primogênito (eu) estivesse por perto, ainda que isso significasse estar em meio a guerra, então obrigou minha mãe a conviver com soldados, armas e mortes desde o 5° mês de gravidez até meu nascimento (e a morte dela).
Mesmo após o fim da guerra o general nunca deixou de trabalhar preparando tipo para uma possível futura guerra e se combatendo a pequenos ataques ao pais.
Nasci e cresci em um quartel, minha educação ficou nas mãos de soldados, as referências maternas mais próximas que tive foi das tias da cozinha que sempre me davam doce de abóbora, 21 anos se passaram, e o "minigeneral" como me chamavam virou o soldado 051, o desgosto do pai, o mais magro da equipe e o melhor em cálculos e especialista em armamentos e bombas ( eu já disse desgosto do pai?), vivendo infeliz e em regime fechado por força maior eu já não encontrava mais sentindo na vida e me perguntava como aquele homem podia ser meu pai, porquê a minha mãe passou 5 anos da vida dela com um cara frio e calculista, e a pior e mais temida pergunta "Quando eu iria sair daquele lugar?". Talvez um dia sempre foi minha resposta.