Há uma tênue linha entre o passado e o presente, que balança ao trazer à tona lembranças enraizadas no fértil solo da memória. Por vezes, esta linha permanece estática, à espera de um estímulo, para que a olvidada memória se reestabeleça, ligando fatos, fio a fio, de ponta a ponta, trazendo-me imagens, sons e cheiros, aquecendo o coração e a alma, criando uma ebulição de lembranças e sentimentos.
Tive uma infância e uma adolescência felizes, ora vividas na minha terra natal, Tomé-Açu, quando ainda media o tempo utilizando os meus relógios movidos a cristais de quartzo, Casio ou Q&Q Quartz, Ora na capital Belém. Já adulto, revezei meus anos entre Tomé-Açu, Belém e Castanhal, esta última foi a cidade que me adotou como filho durante os quatro anos e meio que lá estive cursando a Universidade Federal. Daquele período até o atual passei a medir o meu tempo com base no lítio presente nas baterias dos equipamentos modernos.
Quando criança controlava o meu tempo de ficar na rua brincando baseando-me nos cliques dos ponteiros dos relógios, entregando-me ao sabor do tempo, desejando que ele não se passasse com rapidez, apesar da precisão inexorável do quartzo em cada clique. Hoje, adulto, sou controlado pelos relógios do computador, do tablet, do celular, do smartwatch e dos relógios modernos, movidos a lítio. Tornei-me um refém de mim mesmo, em minha própria casa. Já percebo a poeira do tempo a acumular-se nos ponteiros e nos displays, travando a vida e os ossos. Porém, ainda resta-me uma saída - escrever! - e que o humor torne-se o alento nas horas de insônia e o bálsamo nas feridas cotidianas.
Neste singelo livro estão reunidas algumas crônicas, como experiências e resultados, de quase vinte anos de rústicos escritos e anotações, de mãos dadas, mas sem compromisso com a verdade, ora primando pelo lirismo e frequentemente pela ironia e pelo sarcasmo. Leia sem moderação.
UM GRANDE ABRAÇO!
Ela sabia que corria risco de vida, mas ela não tinha nada a perder, a vida de merda que vivia valia a pena uma morte, sairia como heroína pelo menos, não como suicida.
Mas se envolver com alguém foi um erro, foi um erro confiar, foi um erro achar que ela era a única que escondia segredos.
Laureana é uma fraude?
+18