Um Amor Depois de Hamelin

— Você cresceu e ainda continua ingênua. — Disse ele vagamente, penetrando seu olhar no fundo dos olhos de Wendy — A magia é o que nos mantém vivos, ela mantém essa ilha e tudo que vive nela jovem, a magia é boa. Vocês que tem olhos ruins e não enxergam. Como podem ter levado todos contra suas vontades, isso é...

— Eles não foram contra a vontade. Eles quiseram partir. Os meninos queriam ter uma vida Peter, uma vida real, com uma família... uma mãe.

— A ilha é nossa mãe. Nunca vamos envelhecer aqui, nunca vamos morrer, Wendy. — Afirmou com firmeza

— "Nunca" é um tempo longo demais. — Pausou sua fala um momento e continuou — É uma mera ilusão Peter, essa ilha não nos trás felicidade. — Ela se aproximou ainda mais de Peter, entrelaçou suas mãos — Ela não nos permiti viver as fases lindas da vida.

— Não posso deixá-la. Amo este lugar. — Ele olhou em volta, como se tudo estivesse prestes a desabar. Seus belos e, como costumavam ser, maliciosos olhos verdes perderam a maldade, não havia mais desejo de sangue ou de luxúria no fundo deles; só restara um vazio profundo, refletindo, mesmo que por um momento, confusão e desespero. — A magia é a única coisa que ainda me faz sentir vivo.

— Eu a odeio Peter, a magia. Ela destruiu o futuro que poderíamos ter tido. Ela está enganando você, veja isso, está estampado em seu rosto o quanto está esgotado.

— Ódio é uma palavra muito forte, Wendy.

— Amor também, e você a usa como se não significasse nada.

Ela se vira de costas mais uma vez, suspira profundamente e continua:

— Decida então, flautista, quem você mais ama: Eu, Wendy ou a sua preciosa Terra do Nunca. Se a escolher, fique aqui na escuridão com sua magia. Sequestre mais meninos de suas famílias para não se sentir solitário, continue transando com as fadas e satisfazendo sua luxúria. Mas se me escolher, eu te perdôo de tudo que fez e teremos uma vida nova longe de tudo isso. O que me diz, Peter Pan?

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