Sobre a mesa os cadernos padecem inertes avultados num mar de folhas rabiscadas de tudo e de quase nada. Os temas são múltiplos e os sentimentos tão imensos que submergem das profundezas do eu até ao nós, são meras palavras que quebram por vezes muitos silêncios na madrugada, deambulando sobre a madeira de uma mesa de desordem gasta pelo tempo. Todas elas são o espelho da minh'alma é a poesia em mim, a poesia em todos nós.
Identificar-se-ão em cada verso escrito pelas minhas mãos pensando sempre nos momentos mais marcantes e digo-vos de perto que a caneta não para um só segundo para transcrever no papel todos os detalhes de cada história e de cada memória. A alma voa livremente como um pássaro no céu em linhas soltas das nossas vidas.
É como se a tinta se espalhasse nos sonhos do sonhador despertando palavras adormecidas e esquecidas nas nossas mentes que um dia hão-de morrer nos lábios. Talvez um dia sejam ditas, quem sabe!
O eu aflora-se na superfície da pele e o desejo de sonhar sobre o papel e a tinta é tão profundo que a vida ganha cor, sente-se a poesia nas veias, nas artérias, nas ramificações mais profundas do corpo e da mente até ao coração, a lágrima escorre. Todos somos um pouco vagabundos nos sonhos basta sonhar. Eu sonho na poesia, esta é o meu oxigénio é o meu tudo que alimenta a célula mãe da minha alma vagabunda. Eu sonho todos os dias mais um pouco se puder ser.
Poesia é sermos nós próprios por inteiro!
Sonha!
"Às vezes ouço o vento passar, e só de ouvir o vento passar vale a pena ter nascido"
Fernando Pessoa