Os coqueiros balançavam iluminados pelos primeiros raios de Sol, os pássaros bicavam à procura de moluscos na areia e alguns pequenos caranguejos corriam para lá e para cá alheios à presença estranha do loiro que ali passava. E no fone dele, enquanto observava a maré encher e o Sol seguir seu passo até que eventualmente desse lugar a sua amada, Lulu Santos cantava. "Hoje o tempo voa, amor. Escorre pelas mãos! Mesmo sem se sentir não há tempo que volte, amor...". Voltando do mar, entretanto, foi Bruno quem o primeiro notou. Numa esguelha de olhar para a conhecida costa encontrou, onde esperava achar pedra cinza ornada por verde mata, os cabelos Sol do outro. Quem era não saberia dizer, mas sentiu-se agraciado por ter um horizonte loiro à frente e um dourado atrás.