Meu Eu

Quando eu tinha dezesseis anos, num momento de pura raiva e frustração pensei comigo mesma que a qualquer segundo eu iria explodir. Não conseguia parar de tremer, sentia me faltar o ar e naquele momento eu facilmente xingaria minha vó se ela aparecesse ali simplesmente pelo fato de ter alguém pra eu direcionar a bomba.

Foi quando eu desbloqueei o celular e comecei a escrever. Não importava sobre de quem eu falava mal ou se eu fofocava sobre os segredos de outros, as palavras fluíam sem censura. Já que eu não conseguia falar o que sentia, precisei usar outro método para me expressar. Escrever me ajudou e ainda me ajuda quando perco a voz.

Quando tudo parece desmoronar. A escrita sempre está lá por mim.

Nesse período de quarentena, ao reler alguns desses textos me vi encantada com uma garota ingênua e corajosa pelo que enfrentou. Hoje, sou completamente diferente dessa garota que encontrei nos blocos de notas. Mas a essência ainda vive.

Decidi compartilhar todas essas memórias pois quando releio meus rascunhos vi que a tristeza foi transformada em arte. Por isso, convido à você, leitor, a me ler. Acho que assim como eu, as palavras podem sempre te salvar quando menos espera.

OBS: A imagem da capa do meu livro é do quadro Amendoeira em Flor pintado pelo Vincent Van Gogh e todo os direitos dessa obra pertence a ele. Van Gogh trocou inúmeras cartas com o Theo, seu irmão e confidente. Em uma delas, Theo deu a grande notícia de que seria pai e logo o Gogh, tio. O pintor não podia sentir mais alegria com a vinda de uma criança e se pôs a trabalhar, presenteando então os novos papais com o seu mais singelo quadro.

Escolhi essa pintura pois ela nada mais é o símbolo da vida.