"- Você sabia que o silêncio é branco? - a latina me perguntou, tirando os olhos do livro que estava lendo pela milésima vez.
- Não. - respondi apenas, fitando seus olhos castanhos.
- Pois é. Na verdade, o branco é uma cor que eu não suporto. Ela não tem limites. - franziu o cenho, colocando o marcador no meio do livro de capa gasta, antes de fecha-lo, e deixar a sua atenção totalmente em mim. - Ou melhor, branco não é sequer uma cor. Não é nada, é como o silêncio. - ela estava tão linda em seu monólogo, que não ousei a interromper. A maneira em que seus lábios se moviam, e as palavras saiam, eram fascinantes. - Já o vermelho, por sua vez, é a cor do amor, da paixão, do sangue, do vinho.
- Vermelho também é a cor dos seus lábios quando você pega uma chuva fria de outono. - comentei. - Ou qualquer hora do dia. Basta apenas prestar atenção em seus detalhes.
- Então, convenhamos. Amamos o vermelho. Não vemos utilidade nenhuma no branco. - analisou o objeto nas próprias mãos, voltando o olhar para mim. Percebi que seus olhos estavam marejados. Então ela praticamente sussurrou. - Branco representa tudo aquilo que poderíamos ter, e não temos. Branco representa o que está tomando conta de você agora, e nem o meu vermelho pode te ajudar."
Após a perda da mãe, Camila se vê em uma nova família, e um novo país. Agora, cercada por sua nova "mãe" e seu irmão postiço, ela sente que as coisas não serão fáceis, ainda mais a convivência com o novo "irmãozinho" que se acha o centro do mundo.
Dez anos depois, um sentimento brota, mostrando a Shawn e Camila, que o ódio entre eles significava muito mais que uma simples guerra idiota.
Mas tudo se perde quando a cubana, mas uma vez, é obrigada a lidar com o sentimento de perda.
"- A ausência do seu silêncio se tornou ensurdecedora. Por favor, diga que ainda está aí."
Baseado no livro italiano Bianca Come Il Latte Rossa Come Il Sangue