Cassiopéia. Esse era o nome da criatura mais singular que conheci em minha vida. Não apenas por carregar em seu nome uma espiritualidade mística de uma constelação inteira de estrelas que flutuam pelo universo infinito, mas também pela sua presença tempestuosa e igualmente silenciosa. Sempre vivi por trás da neblina fumacenta do meu cigarro e do meu passado, escondendo da realidade que me cobrava todos os dias que meu voou berçal pousasse novamente na terra. Minha mãe era muito religosa e me nomeou com um nome angelicial. Nathaniel. Embora não a tenha conhecido, algo me diz que ela rezaria todos os dias para sua divindade pela minha salvação se me visse hoje. Eu havia chegado em uma vida cíclica viciosa. Todos os dias eram exatamente iguais, nada mudava. Era como se eu acordasse suspirando com o tédio e dormisse revirando os olhos com a frustração, e essa intercalação de sentimentos são as ferramentas primordiais para cavar o poço da vida e descobrir que em sua última camada só tem uma coisa: merda. Mas então conheci você. Um ser enigmático, que a cada visita naquele quarto exageradamente aromatizado com perfume de lavanda - típico de hospital - sua imagem se tornava mais interrogativa para mim. Me diga, Cas, porque você está tão sozinha?
3 parts