Fez o que pôde, fez o que conseguiu, deu o sangue, a pele, a carne, o suor, a saúde de si e de seus amores. Pagou o preço que fosse necessário pra sobreviverem, estudou e aplicou diversas estratégias, mudando-as a todo o tempo pra driblar as rasteiras, as puxadas de tapete, os labirintos impostos, a opressão enlouquecida fabricada de maneira infantil, irresponsável, cruel. Corria e escorregava por todos os lados, ia sobreviver, proteger seus amados, nada os abalaria, nada os pegaria, ou mesmo abalados e presos, soterrados, cercados, ainda assim sobreviveriam, como quer que fosse, com as restrições que surgissem, sejam quais forem, mesmo que zumbis, sobreviveriam. Se foram. Seus amores se foram, nao resistiram, ela tentou tanto, mas nao resistiram. Ela ficou. Zumbi, morta-viva anestesiada de dor, fora de si por tamanha despersonalização do esforço pela sobrevivência de si e seus amores. Carrega o cadáver deles agora. Um de cada lado, um arrastado por cada mão, braços estirados cansados arrastando o peso da dor do amor sucumbido, um de cada lado de seu corpo. Falhou. Tentou tanto e falhou. Olhar perdido, segue arrastando seus amores, um de cada lado. A guerra continua.