Eu me lembro do sorriso que você me dava todas as manhãs, mesmo quando eu dizia que não era um bom dia. Me lembro de você correndo pelas ruas abarrotada de pessoas segurando na minha mão - você nunca notou, não é? - tudo pra que a gente chegasse a tempo na sessão daquele filme, que você já havia assistido milhares de vezes, mas toda vez que ia reprisar estávamos lá. Mas naquela noite de inverno nós não corremos até faltar fôlego, eu caminhei lentamente até o altar e parei ao lado esquerdo, minutos depois você também fez o mesmo caminho, seu sorriso era surreal, minhas mãos tremeram e fui obrigado a comprimir os lábios para segurar o choro. Você também parou no lado esquerdo, mas apenas para que ela pudesse ficar do lado oposto que eu, sua noiva estava incrível vestida de branco enquanto meu coração queimava. - Parabéns pelo casamento, foi uma cerimônia linda. - eu não mentira, foi linda, dolorosa mas linda - Não vejo a hora de poder ser o padrinho do seu, para poder ficar bêbado e falar algo vergonhoso da nossa infância. Então arrume logo uma namorada pra casar. - o seu abraço parecia ser capaz de me tirar todo o fôlego. Aproveitei a brecha em que você se virou para comprimentos alguém e sai de perto, as lágrimas caiam como a neve lá fora. Adeus, meu velho amigo. Preciso ficar longe de você se eu quiser continuar vivendo.