9 parts Ongoing MatureO meu nome é Luna. Havia algo no meu nome que evocava mistério e uma certa distância, como se eu estivesse sempre um pouco além do alcance, perdida nos meus próprios pensamentos, tal como a lua nas noites mais escuras.
Os dias passavam como páginas de um livro antigo, amareladas e pesadas. Eu caminhava entre as pessoas, mas era como se estivesse num outro mundo, um lugar onde os sorrisos pareciam ecos distantes e as conversas soavam vazias. O barulho da cidade abafava o som dos meus pensamentos, mas, no fundo, sabia que o silêncio interior era mais ensurdecedor.
Havia momentos em que sentia os olhos marejaram do nada, quando uma música tocava na rádio ou quando via um casal a rir numa mesa de café. Eram nesses instantes que me lembrava do que já tinha sido, das promessas que fizemos e das juras que, como tudo, se desvaneceu no tempo. Não me lembrava do momento exato em que as coisas começaram a desmoronar. Talvez tenha sido um acumular de pequenos choques, pequenos abandonos, uma palavra não dita, uma presença ausente. Mas agora estava assim: com o peito oco e os dias sem cor.
Havia uma parte de mim que ainda ansiava por algo mais, por uma faísca que a despertasse de novo. Às vezes, nos meus sonhos, eu voltava a sentir-me viva, como se as peças quebradas se unissem, ainda que por breves momentos. Mas, ao acordar, o vazio voltava a abraçar-me, frio e familiar.
A única coisa que ainda me mantinha de pé era uma teimosa esperança que, mesmo fraca, nunca me deixava. Talvez, um dia, algo me fizesse acreditar de novo. Talvez, entre as ruínas, houvesse uma pequena flor a crescer, pronta para me mostrar que, mesmo quando tudo parece perdido, ainda há uma chance de renascer.