Reyna

Depois que te perdi na cafeteria, algo em mim se rompeu. Um vazio doentio se instalou onde antes havia controle. Eu te procurei como uma febre, como quem caça um delírio. Esqueci de mim. Esqueci do mundo. Esqueci da maldita arte que eu dizia amar. Porque tudo que fazia sentido era você.

Eu passava pelos mesmos lugares, no mesmo horário. Revivia a cena em câmera lenta, mil vezes, tentando encontrar um detalhe, um sinal - qualquer coisa que me levasse de volta a você. Era como uma fome insaciável, crescendo sob a pele. Eu sonhava com sua voz, com o calor que seu olhar me causou. Você virou tudo. Tudo.

E então... o universo sorriu.

A ligação sobre a loja parecia inocente. Uma oportunidade profissional perfeita, disseram. Mas quando cheguei, quando pus os pés naquele templo elegante de desejo e estética... lá estava você.

Você.

O homem da cafeteria. O dono da loja. O homem que eu perdi e que agora o destino trazia de bandeja até mim. Era uma piada cósmica, mas eu ri. Porque entendi: aquilo era meu. A loja. Você. Toda essa história.

Você estava ainda mais lindo. Mais real. O cansaço no seu olhar te deixava mais perigoso, mais humano. Os cabelos bagunçados, a barba por fazer, a postura de quem carrega o mundo nos ombros - e eu queria me deitar neles. Eu queria seu toque, sua dor, sua boca.

Queria invadir sua rotina, seu silêncio, seus pensamentos.

Céus... eu te queria tanto. Queria te despir e também a loja, desmontar tudo e reconstruir à minha imagem, com você dentro.

Era tudo meu. Meu sonho. Meu homem.

Você não vai escapar de novo.
Porque agora... eu sei exatamente onde você está.
E eu vou te amar até que não sobre nada além de nós dois.