Não havia nada muito animador no trabalho de Timmothy, dentro do departamento de Achados e Perdidos da estação de trem. Tudo que via eram rostos desconhecidos com bochechas rosadas e respiração ofegante, ombros caídos e olheiras escuras ou, periodicamente, olhos brilhantes de lágrimas e narizes fungantes de pequenas crianças. Alguns haviam perdido algo importante. Outros os encontravam por mero capricho do destino.
Todos vinham àquela tímida sala, encolhida entre uma livraria e uma cafeteria, com um objetivo. Deixar coisas encontradas. Buscar coisas perdidas.
Menos ela. (Ou alguém que Timmothy achava que era ela.)
Menos as cartas dela. Elas vinham sem aviso. Nos dias mais cheios, passavam despercebidas. Nos mais pacados, eram o deleite do garoto, que, por sua vez, podia se agraciar com algumas horas de tortura, tecendo histórias sobre quem seria a dona de tais cartas. Às vezes, chegavam uma ou duas na semana. Em outras, cinco. Seis. Sete. Nenhuma. Perdidas ao vento. Descartadas no lixo. Nunca achadas.
Havia apenas uma constante.
Nenhuma delas tinha endereço ou selo. Sem remete ou destinatário, elas se acumulavam em uma tímida pilha que crescia com o passar dos dias, assim como as teorias de Timmothy sobre sua dona.
Como ela seria? Por que deixava as cartas na estação de trem? Por que nunca as buscava? Por que escrevia? O que se passava em sua mente?
Essa história começa quando uma dessas perguntas finalmente encontra sua Resposta, perdida em pensamentos.
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