- Ramon! - Chamei-o novamente, tentando fazer ele olhar para mim.
- Não me venha com "Ramon", Melissa! - Seu tom de voz subiu novamente, atraindo a atenção de algumas pessoas que estavam cochichando no corredor a frente.
- Pelo amor, isso não é um show, se contenha.
Quando ele me encarou, pude perceber seus olhos marejados.
- Como se não fosse isso que ela quisesse. - Ele sentou-se no pequeno sofá da sala. Seus ombros tensos caíram e as lágrimas que ele estavam segurando vieram a tona novamente. Ele não se importa que alguém o visse chorando - Como ela pode ser tão egoísta assim?
Ajoelhando-me em sua frente. Minhas mãos apoiaram em seu joelho e comecei um leve carinho ali, tentando reconfortar meu amigo, tentando não chorar para que ele pudesse se controlar. Teríamos que encarar aquelas pessoas logo logo e teríamos que nos controlar ao menos um pouco. Eu estava tentando ser forte por mim e por ele, mas toda a situação era impossível.
Eu não tinha o que dizer a ele. Eu não tinha respostas do porque Cassandra havia feito aquilo conosco.
- Desculpe. - Uma voz feminina, doce e delicada preencheu o local. - Está na hora, vocês tem que ir.
Eu e Ramon suspiramos pesado simultaneamente. Aquilo seria uma prova de fogo. Nos sentíamos exaustos e quebrados. Me levantei demoradamente, sentindo cada parte do meu corpo pedir por minha cama, ajeitei meu vestido e inspirei mais uma vez. Ao olhar para o lado, vi meu amigo limpando as lágrimas e endireitando a postura. Seu semblante mudou, estava totalmente sério, focado. Seu maxilar estava travado e vi seu pomo de adão subir e descer algumas vezes.
Ele enfim se levantou, me esticou o braço e ao que eu aceitei, ele começou a caminhar para fora do pequeno cômodo. Seus passos eram firmes e decididos, como se calculasse cada um apenas porque senão suas pernas falhariam e ele cairia ali mesmo.
Sabia disso porque se ele não estivesse me segurando, eu já teria caído.