Coisas como eu não podem ter corpo, pois não somos seres vivos, não nascemos como os humanos, nós apenas existimos, e quando esse corpo morrer, eu continuarei aqui, em outra vida, em outro corpo.
Acho que estou pronto para falar de mim. Eu não lembro o ponto exato de quando eu passei a existir, mas sei que foi há muito tempo. Lembro-me de homens, homens caçando, lembro-me do conflito e de como eu surgi.
Sou um sentimento primitivo, talvez um dos mais velhos, sou a gota da água, o furor, a exaltação, a pura raiva, a cólera, o descontrole. Mas um dos meus nomes o que eu mais prefiro é a ira. Um tanto quanto bíblico, um tanto quanto forte, me faz parecer maior do que eu realmente sou.
E essa é uma história de uma das minha vidas.
"Cabelo da Cinderela
De Velar vai na favela
Dona da própria matéria
É doutora dos viela
Criminal, eu incrimino ela"
De um lado Dalila, Juíza que lutou muito para chegar onde queria e com muito esforço conquistou tudo que sempre almejou na vida.
Do outro lado Ícaro vulgo Mesquita, bandido e sanguinário, sempre pensou em vingança antes de qualquer coisa na vida, não mede esforços pra mostrar o quanto é frio e calculista.
Lados opostos, destinos traçados, será que o amor é capaz de tudo?!