A Rainha de Sangue | Um córrego de mágoas em Botafogo

Em uma ladeira cansativa e misteriosa no meio de um dos mais famosos bairros da cidade do Rio de Janeiro, vive alguém cuja honra e glória, já inexpressivas e insustentáveis, não significam mais nada a agregar com a jornada do guerreiro que ali aportara. Sob a luz das velhas histórias e fantasias sustentadas pelas bruxas da família, o viajante combatente das guerras espirituais encontra sob o teto daquela que deveria representar o terceiro pilar de auxílio à jornada, - a mãe intelectual - um calabouço de desejos afogados, um lago fétido de material orgânico dos equívocos do caminho.

2019 é o ano em que Marlos chega pra ficar, chega pra construir, edificar a estrutura física dos projetos da Ordem com que se comprometera há pelo menos 1800 anos atrás. Na companhia de seu filho Jonas e sua companheira Carya e mais 4 gatos, desembarcam sob forte chuva aos olhos dos vizinhos e populares.
O que se segue a partir daí é uma série de surpresas e desilusões, projetos obscuros e um olhar terrível escondido sob os finos cabelos pretos, que parecem esconder horríveis lágrimas de sangue que desaparecem antes mesmo de tocar o chão, de tocar a pele, desaparecem antes mesmo que ela reconheça que o caminho da luz, é uma ladeira ainda maior que aquela que percorre o Mundo Novo até chegar aos valores que acredita possuir.

A rainha permanece ensopada no caldo azedo de seus feitos, enquanto o vento segue sugerindo a direção dos próximos passos. A direção da luz, da verdade.