Para mergulhar - Antônio Smaniotto

"- Você acha mesmo?

- Sim. Eles parecem cristalinos às vezes. Eu gosto de olhá-los.

- Pensei que você comparasse meus olhos com o céu, não com as águas do oceano.

- Quando eles não estão muito brilhantes, eu consigo ver o claro de suas orbes azuis como se fossem nuvens. Então, sim, eu também acho parecido com o céu. - O encarei, foi quando percebi que ele já me olhava, como se destacasse cada detalhe do meu rosto - Por falar nisso, o céu tá muito bonito hoje. - Olhei para cima novamente, vendo as nuvens andando lentamente. Imaginei vários desenhos nelas. O coelho foi o que eu mais gostei.

- Olhe pra mim. - Ele pediu. Virei meu rosto para ele - O que você vê?

- Você?

- Não! ... Quer dizer, sim, mas... Digo, o que você vê? - Ele perguntou novamente.

- Eu destaco seus olhos.

- Por quê?

- Porque... Eu sinto como se estivesse pronta para mergulhar.

- Para mergulhar? - Ele franziu o cenho. Balancei a cabeça freneticamente em positivo.

- Eles me trazem lembranças do mar. Eu nunca mais vi o mar. O mar me trás memórias. Então... É como se eu me sentisse pronta para mergulhar em memórias azuis."