[THREESHOT] Clientes surgiam com as mais inusitadas ideias em mente. Desejavam imortalizar em seus corpos símbolos que iam de religiosos a macabros. Lá, natimortos na cadeira, recebiam uma tortura paga e depois ficavam contentes. As mãos tinham de ser firmes para aguentar a vibração da máquina. Se fosse descuidado a agulha penetraria demais, se fosse apressado as linhas ficariam tortas, se fosse medroso não daria conta de fazer a tatuagem. Quando o sininho na porta tocou, a garotinha com nome de Estado colocou os cotovelos no balcão e sorriu de lado, na sua boca um piercing prateado. Alarme falso, não se tratava de mais um adolescente vindo escondido dos pais na intenção de ganhar fama de rebelde. Esse manequim masculino coberto de tattoos tribais, possuidor de cabelos negros quase azuis, é o dono do estúdio ao lado do metrô. Como de rotina, chegou de mau humor. O ânimo de Jeon melhoraria se pudesse ficar chapado enquanto mergulhava nas irrefreáveis fantasias que tinha com sua dedicada funcionária, antes uma ladra que escolheu ele como vítima. A perfeição seria se esse pedaço de mal caminho fosse o único a remexer Sydney de dentro para fora, como uma rosa abrindo suas pétalas aromáticas numa tarde alaranjada de outono. Essa sua perturbação tinha nome e um endereço para o encontrar. Nas miniaturas cravadas em seu corpo, memórias Jimin colecionava. Fazia uma nova toda vez que visitava a tatuadora que abriu um mundo para ele. Romântico não é bem a palavra para o definir, quem sabe um tarado emocionado. Irrevogavelmente as suas madeixas de um castanho claro mais aquele porte airoso geravam uma dúbia amorosa excruciante na donzela moderna da história.