O adolescente Park Jimin , traumatizado pela morte da irmã num acidente de carro, enfrenta a depressão, isola-se dos amigos, não dá conversa para os colegas e se enfurna no quarto cheio de (bons) livros. É fã de Virginia Woolf, a respeitada escritora inglesa que deu cabo à própria vida afogando-se num rio.
Numa certa manhã,Jeon Jungkook, garoto excêntrico, problemático e inteligente, flagra Jimin no parapeito de uma ponte, indeciso se pula lá embaixo. Sobe ao lado dele, equilibra-se em apenas um pé e a convence a descer. Rebelde, apelidado de Freak (Aberração) pelos colegas e alvo de bullying, já surtou uma vez. Leva a pecha de "complicado", enfrenta demônios existenciais com os quais o psicólogo da escola, o irmão e os raros amigos não conseguem lidar. De vez em quando, some. Ou explode, quando pressionado.
No teto do quarto, Jeon mantém post-its coloridos com frases e versos. Por meio da palavra, tenta organizar o caótico turbilhão de pensamentos que o tortura. Sofreu abusos físicos do pai, que deixou a família, e a mãe está sempre trabalhando.
Nada é cor-de-rosa no mundo desse casal. Morte, suicídio, bullying, rejeição e depressão fazem parte do universo deles. Aliás, por baixo da aparência de normalidade dos adolescentes de Indiana, há bulimia, automutilação e paqueles transtornos cheios de letrinhas (TDAH, TOC, TOD), "tratados" com Ritalina e drogas tarja-preta.
Ao contrário de love stories açucaradas e escapistas, Por lugares incríveis, de certa forma, mostra a vida como ela é. Não há lições de autoajuda prometendo redenção. E nem adolescentes tratados como bobocas.
Jimin e Jungkook esbanjam delicadeza, veem o mundo de uma forma diferente. Pena que ninguém compreenda a dupla, sobretudo os adultos, mesmo bem-intencionados. E andam em boa companhia, aqueles dois. Não é à toa que o livrão de Virginia Woolf está na cabeceira de Park. "Quem não fala a verdade sobre si mesmo não pode falar sobre os outros