eu não sei. talvez fosse a maneira como você se movia. ou a tua risada atrapalhada. talvez fosse o equilíbrio perfeito entre o pecado e a pureza. sim, talvez fosse isso. nós alternávamos com facilidade entre a malícia dos adultos e a farra da infância. eu fui profundamente feliz ao teu lado, meu bem, e é por isso que agora estou profundamente infeliz sem você por perto. eu sinto falta do nosso entrosamento. de quando conseguíamos decifrar o que o outro pensava só de bater os olhos. rir das maiores atrocidades. nos entreter com as bagatelas da vida. eu amei você, meu bem. amei por completo. sem escrúpulos. do jeitinho que você é. sem tirar nem pôr. amei teus defeitos e tuas esquisitices. porque até as tuas imperfeições me deixavam estupidamente fascinado. agora o tempo está voando e a distância faz com que a gente signifique cada vez menos um para o outro. não tem volta, eu sei. o que a gente viveu não vai acontecer outra vez. sim, o que a gente viveu não vai acontecer nunca mais. mas, e se eu tivesse direito a um último pedido? eu não desejaria teu corpo. eu não desejaria teu beijo, nem mesmo teu abraço. eu pediria que você me olhasse outra vez da maneira como costumava me olhar. ao menos um minuto daquele olhar ingênuo e sacana, de amiga e de amante. aquele olhar que enxergava o mundo inteiro em algo insignificante como eu. eu pediria um último minuto dos teus olhos dourados sim, seria este o meu pedido: me sentir amado uma última vez pela pessoa que eu mais amei na vida. -Héber LucianoAll Rights Reserved