Sorrir não é o mesmo que estar bem. Não falar não significa não ter nada a dizer.
Azriel sempre guardou para si tudo o que sentia. Suas cicatrizes são muito mais profundas que aquelas em suas mãos, seu passado ainda paira sobre ele como um fantasma e, mesmo cinco séculos depois, continua tentando se livrar daquilo e fugir do que é.
Gwyn é como um Raio de Sol, ela é como a luz, sempre sorrindo e rindo e conversando, o que torna fácil com que as pessoas não enxerguem as feridas por baixo do sorriso, que esqueçam que ela também está machucada e lutando contra a culpa e o luto e as memórias e marcas de seu passado.
Após meses de convivência, o encantador de sombras e a sacerdotisa acabaram se aproximando um do outro. A partir de apostas e discussões bestas, de provocações e desafios, eles se tornaram amigos. Uma espécie de ligação se instalou entre eles. E eles que pareciam ser tão diferentes, acabaram encontrando um no outro semelhança, entendimento. Acabaram se vendo em reflexo, como duas partes de uma coisa só.
Ambos carregam traumas e cicatrizes, se sentem indignos, ambos são acordados por memórias em forma de pesadelos e é nesse ponto em que acabam se encontrando um no outro e a partir desse entendimento, um acordo implícito e silencioso de se ajudarem, de serem ouvintes um do outro ou simplesmente estarem presentes quando precisarem, um acordo que não foi planejado, que sequer foi preferido, mas que nasceu da necessidade deles de estarem juntos.
Antes que percebam, Azriel e Gwyn se tornam muito mais importantes um para o outro do que seriam capazes de expressar. Um sentimento que vai além da amizade, forjado em compreensão e confiança e carinho e do mais puro tipo de amor.
E no momento em que a guerra parece se solidificar no horizonte, eles se unem ainda mais, para proteger tudo aquilo que mais importa: a família que eles encontraram. Tudo o que têm. Eles farão de tudo para salvar isso, mesmo que signifique revelaAll Rights Reserved