É tão fácil pensar que ele foi bom, que agora que se foi, todas as coisas ruins que ele já fez não são dignas de serem lembradas, oh não! Ninguém fala mal de um morto, ele foi bom, ele amou, ele cuidou. Ele sorriu, ele viveu, mas não, ele não fez essas coisas, talvez em seu jeito distorcido de ver o mundo, ele acreditasse que estava fazendo exatamente isso, mas lhe garanto, ele era tudo, menos bondoso, ele era tudo, menos gentil, e amar? Por um tempo eu acreditei que era o que ele fazia. Mas com o tempo me dei conta de que nem eu mesma sabia mais o que era esse sentimento, é tão louco como você se adapta a situações mais baixas possíveis, em que se você olha-se de fora, gritaria e diria eu nunca passaria por isso, como ela pode? Mas lá estava eu com o coração na bandeja pronta pra entregar ao primeiro que me desse um pouco de amor, um pouco de paz, aquela paz que eu não tinha, aquela quietude que eu buscava sem nem mesmo me dar conta. Enquanto eu odiava meu pai, por tudo que ele nos fazia passar, não me dei conta que me casaria com um homem ainda pior. Que eu o amaria profundamente e ele me daria migalhas por qual eu almejaria, ele me daria nada, e eu sorriria por isso, por que quando sua mente chega a esse ponto, não existe limites para o que você pode fazer. Pena que descobri isso tarde de mais.