Uma noite por ano todos os crimes, inclusive assassinato, são legalizados, armas até nível cinco são permitidas por lei, todos exceto soldados de nível dez e políticos importantes podem sofrer consequências do expurgo.
E no meio desse caos, existem histórias.
Uma garota inocente que pensava estar segura, que pensava que seu ex namorado realmente queria seu bem, acorda nos braços de uma enfermeira em uma van de triagem recebendo a notícia que quase havia sido morta. Jurou que não o deixaria vivo para ver o nascer do sol no próximo expurgo, faria de tudo para isso.
Uma herdeira de um império, seus pais nunca haviam lhe dado sequer um pouco de amor, era assim que justificava todas as vezes que jogava alguém para fora de sua cama assim que a pessoa a satisfazia. Apenas quer o fim daquela noite infernal, mesmo que para que nunca mais participe de uma, precise morrer durante ela.
Irmãs gêmeas que dividem a casa com sua amiga, as duas perderam os pais no primeiro expurgo que participaram quando se mudaram para os Estados Unidos, por isso, apenas desejam o fim daquela noite enquanto protegem uma a outra. Enquanto isso, a amiga delas é fissurada pela noite, conhece a história, conhece como começou, o estudo que deu o início, absolutamente tudo parecia ligado para aquele momento.
Por fim, uma militante para o fim da purificação, protegida por sua namorada e guarda costas pessoal, não sabe e não pode confiar em ninguém além da mulher que a protege, pois sabe que fora daquelas paredes, todos podem ser loucos por aquela noite maluca.
O que todas tem em comum? Que em algum momento, suas histórias e suas vidas se entrelaçam por conta dessa exata noite.
"Certa vez, uma estudante perguntou à antropóloga Margaret Mead: "Qual é o primeiro sinal de civilização?" A estudante esperava que ela dissesse um pote de barro, uma pedra de amolar ou talvez uma arma. Margaret Mead pensou por um momento, depois disse: "Um fêmur curado".
[...] "Um fêmur curado mostra que alguém cuidou da pessoa ferida."
Com a vida se alastrando em todas as direções temos a tendência de esquecer os atos, que ao serem perpetuados, contribuíram para que continuemos aqui.
Nos passos de uma criança, na vigilância dos jovens, as precauções na fase adulta... Até chegar na mudança de ritmo dos idosos. O cuidado está em todos os lugares, a ausência dele ou o seu exagero mudam para sempre os rumos dos indivíduos.
Nesse recorte de apenas um dia acompanhando o casal Park Chaeyoung e Lalisa Manoban veremos essa sensibilidade em todos os lugares após o período de incertezas em uma cama de hospital ter chegado ao tão aguardado fim.
Mas o que fica nelas? Somente a certeza da cura é o necessário para poderem seguir?
As cicatrizes das feridas atuais e do passado ainda são presentes em suas vidas e o que elas podem fazer é olhá-las de perto, compreendendo o medo de sua existência.