Ela estava presa por correntes, suas lagrimas corriam pelo rosto e encharcavam a mesa de mármore gélida. Enclausurada por um pecado que havia cometido, o pecado da jovem era estimar sua liberdade. Negava-se a todo custo entregar-se a aqueles malditos de caninos pontudos e pele fria. Mas no momento conseguia apenas chorar como uma criança desamparada.
"Oh, Deus, se seus olhos estão abertos para o meu sofrimento, leve-me para próximo de ti antes que meus algozes devorem minha carne" - Ela rezava em meio a lamúria. Sabia que não seria ouvida por Deus, suas preces apenas alcançariam o teto e voltaria para si.
- Valquíria! - tentei chama-la, mas a jovem também não me ouviria, aquilo que eu vislumbrava era uma memória amarga, guardada no fundo de minha alma. Eu conseguia sentir na pele o que a jovem sentia, o medo do desconhecido, da morte, dos olhos vermelhos do diabo que brevemente a devoraria.
Todos estavam ali, em silêncio, vislumbrando a punição empregada na pequena tola que desejou fugir. Que pecado terrível, que dor profunda e sufocante em meu peito. Eu sabia que em poucos dias seria minha vez de deitar sob a mesa de mármore, presa as correntes, espetando que o lorde devorasse minha carne e servisse meu sangue aos seus filhos.
Malditos!