Cresceu vendo princesas na TV, nas lojas e nos cinemas. Era vestida de princesa quando criança tanto para ficar em casa quanto para ir nas festas dos amiguinhos. Era chamada de princesa pela mãe, pelo pai e pela empregada. Pouco depois do irmão nascer tentou mata-lo asfixiado. A mãe interferiu e salvou o filho. Os pais a puseram de castigo, trancada no quarto. Continuou se sentindo uma princesa, mas agora se identificava com as infelizes, aprisionadas em torres. Era uma princesa ativa, como as que vivem mil e uma aventuras nos filmes atuais. Era das que pulava, corria, mergulhava, brigava e escalava. Se fosse uma princesa à moda antiga – das que dormia e esperava – talvez não tivesse pegado a tesoura, cortado a rede de proteção da janela do oitavo andar e fugido da torre.