Algumas vezes Helena queria poder pressionar a mão em seu peito até que pudesse atravessar as camadas de pele e músculo e conseguisse tocar seu coração. Iria pegá-lo com delicadeza e retirar dali seu âmago, a sua essência, o que era. Esse núcleo invisível vibraria em suas mãos, seria tão fresco e leve quanto o vento que avisa sobre a chuva que está por vir. Dançaria com ele pelos seus dedos enquanto sentiria um vazio no peito, porém não de um jeito mórbido; seria como estar no controle do seu universo particular e segurá-lo na palma da mão.
- Confesse.
- O quê?
- De quê tens medo?
Helena olhou para o chão e, relutante, disse:
- De viver.