Sobre a vida
Estranho são os homens, que acreditam que viver é desfrutar
de deleites transitórios, se amarrando a expectativas fantasmais. Debruçam-se
sobre o que não pode ser apanhado e arquejam sonhos como castelos de cartas.
Nesta busca constante pelo que já foi perdido, frustram-se com
a transição das dunas de areias, se espantam com o fim do dia e a chegada da
noite, correm espantados das nuvens que se agitam no céu. Praguejam contra o
horizonte por lhes afastar o arco-íris a cada passo.
Tecem seus fados com a teia da covardia e ainda sim esperam
livrar-se do emaranhado de sua existência.
Percebam homens que a vida é o perambular em peregrinação, é
encontrar o inicio da marcha na chegada,
percorrer o caminho em seu final e sem nenhum passo chegar a seu destino.
Contemple em teus próprios olhos a reflexão do vazio em
homem. Notem que tu não és aquilo que podes proferir que és. Tu não és o que pode ser dito, tu não és o que não pode ser dito.
Tu és as folhas que caem na floresta, as ondas que se
quebram na costa, tu és a sombra do fogaréu. Homem tu não és um homem.
Tu és a própria vida
do universo no caminhar de um inseto na relva. Tu és o caminhar, Tu és o inseto
e tu és a relva. Homem tu és a vida. Tu és.